23 de maio de 2009
o obituário do joão
esta é a melhor forma de o recordar.
sem romantismos, sem maneirismos e sem discursos inflamados de políticos incógnitos.
ver o filme, mais uma vez, numa sala de cinema, pensando que esta seria a sua 68ª ou 72ª vez.
quando o conheci – ou mais concretamente, quanto tive contacto com ele pela primeira vez, foi a 46ª ou 47ª…
eu era então um jovem adolescente que escondia a minha adolescência idiota dos meus colegas adolescentes e idiotas, fugindo para a “félix ribeiro” para ver bom cinema em boas condições, lendo sempre o texto numa folha A4 copiada a stencil, assinado por nomes a que mais tarde comecei a prestar mais atenção.
recordo-me de não ter visto o “guitar” aquando do ciclo do nicholas ray, há mais de vinte anos, por uma razão tão idiota quanto válida – acabaram-se-me os trocos da mesada e o nosso rigor orçamental constringiu-me a não pedir mais para poder ver o filme… (soube depois que teriam sido concedidos de muito bom grado)
recordo-me de o meu irmão me ter dito que o filme era fabuloso, e que o discurso prévio do joão ainda ajudara mais a perceber a sua grandiosidade.
recordo-me de ter visto o filme várias vezes depois disso – sempre em vídeo ou dvd, ou tv – e de não poder sentir o mesmo – as cores, o formato, a cantiga da peggy lee, e a voz rouca dele.
tenho a esperança de ver a película, em película, numa sala a sério, mas nunca mais vou ouvir aquela voz a apresentar um filme ou um realizador, ou uma estreia (ou mais um medalhado do 10 de junho…)
muito obrigado João Benard da Costa
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