a borrasca

olhamos as nuvens e, por momentos, sentimos as luzes do eterno.
mas, fugaz, o véu cinzento vem cobrir-nos...
e a nossa fuga é sempre demorada.

curva e contracurva

os desejos de marcar presença superam sempre a razoabilidade.
ocupa-se a via pública em nome de um suposto "projecto" e depois achamos estranho que a obra seja vandalizada e se degrade.

acessos 2

por vezes surgem surpresas ditas "de brasileiros",
ou de origem franco-flamenga,
mesmo sendo de genuínos lusos.

a escada mais não é do que um momento,
um caminho para alcançar o almejado belevedere.

por vezes temos inveja, porque há escadas que oferecem prazer na subida.

acessos 1

inicio aqui uma nova série de ideias:

num local (e numa região) onde tradicionalmente as coberturas têm utilização, seria de esperar que os acessos (leia-se "escadas" na quase totalidade das situações) estivessem bem concretizados, consequência natural de muitas décadas (ou séculos) de saber popular tradicional a aperfeiçoar todas as pequenas incongruências...

memórias da película

foi por acaso que revi esta imagem.
película densa.
revelação e ampliação caseira.
camera de "dar ao gatilho".
e a minha mais velha a fugir de mim...

poste

ou mais concretamente, la poste, reservou-me esta surpresa em 2008.
acreditem se quiserem, mas eu recebi este envelope, com 29 selos, em francos, perfazendo o valor total dos portes, em euros...

não é novidade

a pedra e as ferragens denunciam o autor da ideia, a qual, para ele, já não é nova.
vivemos numa época onde o pudor e a vergonha se misturam com o deboche e a libertinagem, e acabamos a esquecer os factos simples da nossa existencia como humanos, ganhando vergonha das nossas necessidades e pudor pela nossa existencia fisica - ela própria semelhante à de todos os nossos semelhantes.
vivemos numa época em que janelas em sanitários, só opacas.
e acabamentos a esquecer o porquê da janela...

estou aí, estoi

rua silenciosa, nesse dia, fria.
ouve-se ao fundo uma mota, ou a sineta de uma pedaleira.
crepita o carvão numa braseira ali ao lado, e discute-se que carnes assar.
a luva tremeu-me, mas a imagem ficou.
só não me recordo do nome da rua.

eu já amei esta pedra

não se trata de citar lobo antunes, ou de reverenciar outro mestre, mas eu já amei estas pedras...

novamente a chuva, novamente o claustro

não é sina, nem karma, nem sequer paranoia. é apenas acaso... chove e eu estou nestes sítios. ou porque chove vou a sítios destes?...

parar à luz vermelha do semáforo

talvez um não fosse suficientemente visível...

o tejo sem fotomontagem

fora do prazo

fora do prazo, porque deveria ainda ter sido em 2008,

mas a urgência das férias e a repulsa informatica que o descanso em mim provoca, originou este pequeno retardamento.

pode não parecer, mas esta é a entrada daquela que foi a minha última escola.

felizmente já só a frequentei por motivos administrativos, tendo lectivamente apenas frequentado o anterior espaço conventual.

definitivamente, assim é impossível crescer com as ideias no lugar. ainda para mais, hoje acabei de ler um trecho do diário da viagem de Fernando Távora aos USA, em 1960, onde o mesmo relata a sua visita a Taliesin, e a relembra como exemplo supremo da integração do trabalho do homem na natureza, consolidando tudo como uma obra total.

Quando vejo esta imagem da portaria da faculdade de arquitectura da universidade técnica de lisboa, não posso deixar de pensar, tal como Távora, que "...o caminho não é exactamente este e que os anos passam..."