16 de dezembro de 2010

e o obituário aconteceu...




















O sr. Acontece, faleceu... aconteceu... deixou um vazio, que já acontecera quando o programa acabou.
Ficam as memórias...

A minha primeira grande memória de Carlos Pinto Coelho é a de um jornalista com um casaco e um penteado desajustados da imagem do apresentador - que era - do "telejornal".

A minha segunda grande memória é a de um humorista - Herman José - parodiando o casaco, o penteado e a figura desse apresentador de telejornal, reinterpretando-o como "Carlos Botinco Botelho"

A minha terceira memória é esta imagem - a "Sra. Eva", em S.Tomé e Príncipe - no dia em que descobri que este jornalista bem disposto era um excelente fotógrafo. E lembro-me de nesse dia ouvir o Carlos a falar sobre a imagem:
"D. Eva, a senhora que idade é que tem? - no fim de uma animada conversa entre jornalista e entrevistada - "E!.... Nem sei!..." com a mão na testa...
e nesse instante mágico, qual Cartier Breson, fixou-se o instante.

"E assim acontece!..."


foto de Carlos Pinto Coelho, "D. Eva, em S. Tomé e Príncipe"

15 de dezembro de 2010

5 de dezembro de 2010

28 de novembro de 2010

27 de novembro de 2010

23 de novembro de 2010

22 de novembro de 2010

17 de novembro de 2010

avec le temps...

pelas mais variadas e simultâneas razões, lembrei-me deste tema:
pela modernidade do tempo urgente, numa procura incessante pela novidade, sem questionar a validade da mesma,
numa busca pela diferença, como se fosse errado fazer igual,
numa erradicação do passado, como se as nossas memórias e heranças fossem nulas.

lembrei-me de um livro - do passado, curiosamente - Brusel.

























um imaginário visual deslumbrante, de uma cidade que chutou a memória para as hortigas e se desfez do passado artístico, como se fossem chagas de doenças contagiantes.

e lembrei-me de um disco - do presente - de um genial pianista contemporâneo, mestre de subtilezas e silêncios, acompanhado por uma voz densa, madura, tecnicamente quase perfeita e ao mesmo tempo tão simples e natural.
Só que o disco não era apenas um, eram dois...
E os meus dois pianistas preferidos gravaram o mesmo tema quase em simultaneo com duas vozes maiores.

afinal ainda há tempo...






  


Imagem da capa do livro BRUSEL, de Schuiten & Peeters, edição Original da Casterman, Tournai, de 1992
Disco "Love Songs" de Brad Mehldau e Anne Sofie Von Otter, 2010
Disco "Carlos do Carmo - Bernardo Sassetti", 2010


Avec le temps...
Avec le temps, va, tout s'en va
On oublie le visage et l'on oublie la voix
Le coeur, quand ça bat plus, c'est pas la peine d'aller
Chercher plus loin, faut laisser faire et c'est très bien
Avec le temps...
Avec le temps, va, tout s'en va
L'autre qu'on adorait, qu'on cherchait sous la pluie
L'autre qu'on devinait au détour d'un regard
Entre les mots, entre les lignes et sous le fard
D'un serment maquillé qui s'en va faire sa nuit
Avec le temps tout s'évanouit
Avec le temps...
Avec le temps, va, tout s'en va
Mêm' les plus chouett's souv'nirs ça t'as un' de ces gueules
A la Gal'rie j'farfouille dans les rayons d'la mort
Le samedi soir quand la tendresse s'en va tout seule
Avec le temps...
Avec le temps, va, tout s'en va
L'autre à qui l'on croyait pour un rhume, pour un rien
L'autre à qui l'on donnait du vent et des bijoux
Pour qui l'on eût vendu son âme pour quelques sous
Devant quoi l'on s'traînait comme traînent les chiens
Avec le temps, va, tout va bien
Avec le temps...
Avec le temps, va, tout s'en va
On oublie les passions et l'on oublie les voix
Qui vous disaient tout bas les mots des pauvres gens
Ne rentre pas trop tard, surtout ne prends pas froid
Avec le temps...
Avec le temps, va, tout s'en va
Et l'on se sent blanchi comme un cheval fourbu
Et l'on se sent glacé dans un lit de hasard
Et l'on se sent tout seul peut-être mais peinard
Et l'on se sent floué par les années perdues
Alors vraiment
Avec le temps on n'aime plus.


poema "Avec le temps", de Léo Ferré

11 de novembro de 2010

10 de novembro de 2010

8 de novembro de 2010

7 de novembro de 2010

Ao sal





















O almoço domingueiro lembrou-me as salinas, quais enguias "ao sal" cozinhadas no forno do sol deste sul...

Mas mudei de ideias, e decidi-me por umas italianadas com vinho luso.

6 de novembro de 2010

5 de novembro de 2010

395























é um número como outro qualquer.
neste caso, é o número de entradas neste espaço para imagens.

4 de novembro de 2010

28 de outubro de 2010

27 de outubro de 2010

26 de outubro de 2010

a cores, sem curvas







































A cor está lá, porque não pode ser outra! Não é outra!
A curva está, mas não devia estar...

É tão simples identificar os erros dos outros...
É tão complicado evitar atempadamente os nossos erros...

25 de outubro de 2010

sem imagens

A notícia é de ontem,
"morreu o walkman",
e deixou-me - como provavelmente a muitos outros - a relembrar as memórias de um passado mais ou menos distante:
A inveja que sentíamos na escola daqueles que ostentavam os primeiros modelos (grandes, azuis e com botões laranja).
A satisfação na compra do nosso primeiro "walkman" genuíno.
O prazer de ouvir a nossa música, em vez do silvo agudo dos rodados do metro circulando nos carris.
A indignação quando as pilhas começavam a falhar, e a fita enrolava a uma velocidade menor, e os sons e as vozes se distorciam em experiências sonoras inusitadas.

Recordo-me em particular dos momentos de seleccionar "o que gravar" nas três ou quatro cassetes que me dispunha a transportar, ou de me sentar a desenhar em tempos de faculdade, ouvindo as músicas novas que ia descobrindo, gravadas de um amigo ou da rádio, quando deixávamos sempre o gravador em stand-by, pronto a gravar este ou aquele tema que nos tocava mais.

Mas a morte de ontem começou há muitos anos...
primeiro vieram os cds e o parente rico "discman", e a música deixou de rodar a velocidades descabidas;
depois foi o ipod e o mp3, e deixámos de comprar os suportes;
por último, estamos a deixar de usar equipamentos para ouvir música, integrando essas funções em telefones, agendas electrónicas ou mini-computadores...

Qualquer dia, a musica ainda vai ser descarregada, juntamente com outros conteúdos, directamente para a nossa cabeça...

24 de outubro de 2010

23 de outubro de 2010

22 de outubro de 2010

à maneira de... 8








































não é uma imagem como as de David Fokos http://www.davidfokos.net/

nem é de um preto e branco tão intenso como as dele - e já aqui mostrei outras fotos mais próximas do seu imaginário - mas faz muito bem relembrar a existência deste sereno senhor, que transmite paz e tranquilidade em cada uma das suas imagens, mesmo quando apenas mostram estruturas metálicas ou de betão.
Faz bem recordar que este homem utiliza uma única máquina - de película e de grande formato, diga-se - com uma única objectiva e um tripé. Não faz muitas provas mas demora bastante tempo antes e durante cada prova - horas de contemplação e estudo e exposições de vários minutos por foto.

21 de outubro de 2010

20 de outubro de 2010

19 de outubro de 2010

"io sono l'amore..."



















o azul,
um azul que não o céu,
em dia de chuva...

com um filme intenso e lindíssimo,
Io sono l'Amore,
descobri este espaço:
o Famedio do Cemitério Monumental de Milão.

Espaço memória,
mausoléu para tantos grandes milaneses,
surge no filme como espaço de verdade,
onde a imensidão do volume impõe o dever de não esquecer a palavra.

pode ser melhor apreciado aqui:



foto de Paolo Motta, retirada de www.panoramio.com

17 de outubro de 2010

16 de outubro de 2010

15 de outubro de 2010

à maneira de... outra vez





















para gianni galassi, a mesma imagem seria assim...

14 de outubro de 2010

13 de outubro de 2010

12 de outubro de 2010

11 de outubro de 2010

10 de outubro de 2010

9 de outubro de 2010

as capelas imperfeitas 1

























Há lugares incompletos,
lugares onde sentimos apenas a luz,
porque a matéria foge.

Há lugares desfeitos,
onde um pequeno vazio é a nossa fuga.

Há lugares imperfeitos,
onde um qualquer objecto nos imobiliza.

começo uma nova série. o nome surgiu da revisitação de imagens da "Batalha". a ideia surgiu da beleza da luz em lugares menos belos - se belos alguma vez poderão ser...

3 de outubro de 2010

noite americana 2






















Um luar impossível,
inolvidável!


ou será que era dia?

2 de outubro de 2010

noite americana 1





















é noite,
de dia,
ou foi dia quando já era noite?

não procuro receitas, mas recriar o cinematográfico objecto da "noite americana" por vezes resulta exactamente no que procuramos...

29 de setembro de 2010

estranhado


























"Dono da Segway morre em acidente de Segway"

http://www.publico.pt/Tecnologia/dono-da-segway-morre-em-acidente-de-segway_1458383

há estranhas coincidências que nos deixam aflitos...


imagem promocial da empresa "Segway" retirada de: http://co2calculator.wordpress.com/2008/10/

25 de setembro de 2010

inesperado



























Num local inesperado, um visitante inesperado.

Somos todos amantes da natureza e amantes de imagens da natureza, mas pouco eficazes a captar imagens de natureza.
Tive sorte, e a felicidade de estar preparado; e o exemplar animal prestou-se prestável...

19 de setembro de 2010

17 de setembro de 2010

12 de setembro de 2010

a brincar, a brincar...




















































A brincar, a brincar, novamente se tratam assuntos sérios como se fossem brincadeiras...

Novamente a Pentax, numa adordagem lúdica, levou a operação de marketing para vender acessórios que gostamos de apelidar de "personalização" à sua essência: Se é para brincar ao "tira capa, mete capa" mais vale que seja com verdadeiros brinquedos tipo "Lego" ou "Panobloco"...

8 de setembro de 2010

26 de agosto de 2010

20 de agosto de 2010

o obituário de Herman Leonard
























Em 1948, Dexter Gordon fumava... num intervalo merecido em mais uma actuação genial,
e Herman Leonard imortalizou-o nesta imagem...

Só por isto, este homem merecia o céu. Mas ele fez muito mais e fotografou todos os grandes do Jazz, imortalizando-os em imagens que muitos de nós já vimos em diversos livros, cartazes, catálogos, T-shirts, discos, bonés e tantas coisas mais.

Um grande bem haja neste descanço eterno

foto de Herman Leonard retirada de http://www.hermanleonard.com/

19 de agosto de 2010

porque o faço...



































































































isto hoje vai ser longo...

a "fotografia" comemora hoje uma série de anos - 171 contados desde 1839, ano em que, a 19 de Agosto, Daguerre apresentou à Academia Francesa as suas descobertas.
Desde então, e durante muitos anos, a fotografia foi um ofício muito especializado, com muitas subtilezas técnicas, muitas aprendizagens resultantes de inúmeras experiências, muita dedicação e muitas horas em laboratório e câmara escura, muita película e muitos químicos...

Até que, há coisa de vinte anos - talvez mais - começou a aventura de captar imagens sem sais de prata mas com CCD's em silício.

Poucos anos depois a fotografia digital já era banal, e rapidamente começou a ser tudo mais simples, mais fácil, mais rápido, mais imediato, e desmesuradamente mais barato.

Passou a ser descartável, ou quase, mas esse é o preço do consumismo globalizado - e não apenas fotográfico...

Paralelamente, os profissionais começaram a queixar-se: para eles era tudo mais caro - mas não tinham que consumir as toneladas de películas e químicos e, diziam-lhes, a qualidade era incomparavelmente melhor.
Não havia nada que se pudesse comparar entre uma imagem digital profissional e uma imagem digital normal.

Mas era um engano... foi apenas uma questão de tempo.
A resolução, a tonalidade, o ruído/grão, as altas sensibilidades, a rapidez de funcionamento, a operacionalidade, tudo passou a ser quase equiparado, num peso, preço e tamanho incomparável.

quem duvida, pode ler isto: http://www.luminous-landscape.com/reviews/kidding.shtml

Poucas coisas sobram para distinguir a fotografia "difícil" da fotografia "fácil".

E hoje escolho como tema para as imagens - e são todas de hoje - uma dessas únicas coisas:

Bokeh

é um palavrão japonês que designa Out-of-Focus Blur (peço desculpa, mas nem consigo imaginar dizer em português o "esbatido desfocado" ou outra coisa semelhante).

O Bokeh está muitas vezes associado a shallow depth-of-field (mais uma vez, a "estreita profundidade de campo" na nossa língua), que é daquelas coisas que só se obtêm com grandes máquinas (ou máquinas com formatos de imagem grandes, ou grandes sensores de imagem) e - ainda mais importante - objectivas muito luminosas e de grande qualidade.

É literalmente impossível de classificar uma objectiva pelo seu Bokeh, porque não existe uma fórmula, tabela, modelo ou qualquer outro qualificativo que se possa padronizar.

Ou gostamos do que vemos, ou não.

Existem objectivas com excelentes classificações técnicas em todos os testes a que são sujeitas, mas que são postas de lado por quem as devia utilizar, porque não têm um bom Bokeh.

Muitas vezes uma mesma objectiva pode ter um excelente Bokeh atrás do plano de focagem e um desfocado visualmente muito perturbador à frente do plano de focagem, ou o contrário.

ver exemplo aqui, retirado do teste à objectiva Voigtlander Nokton 58mm f1.4, publicado por Klaus Schroiff no site Photozone http://www.photozone.de/



Outras vezes uma objectiva pode ter uma excelente correcção de cores no plano de focagem, mas uma horrorosa aberração cromática atrás e à frente do plano de focagem (normalmente púrpura/magenta à frente, e verde atrás...).

Ao invés,  um bom Bokeh - normalmente suave e discreto - possibilita a enfatização do tema.

O que importa aqui salientar é que, em todas as imagens que aqui apresento, e em todas aquelas em que se poderá falar de Bokeh, não se está a representar o que se vê.

A capacidade de reduzir, ou estreitar o campo de focagem, afasta a fotografia da representação do real, levando-a para a apresentação intencional de parte do real, possibilitando, por exemplo, isolar elementos do meio que os rodeia - muito útil em retratos ou em fotografia de objectos ou de alimentos (vide o já aqui referido http://www.flagrantedelicia.com/)

Esta capacidade de isolar, infelizmente ainda é impossível de obter nos equipamentos fotográficos mais banais, porque apenas se obtêm com o aumento do tamanho do formato de imagem, ou da película, ou do sensor, e com a utilização de objectivas muito luminosas.


Infelizmente, um bom Bokeh ainda vai continuar a ser muito caro de obter. Só espero que não seja necessário esperar mais 171 anos até que tal aconteça...