os azulejos do carvalho

os azulejos da marlene

a cabeça perdida

queda

resvalar
escorrer
sentir o firme escapar-se
e pensar "é agora!"

respirar fundo,
erguer e
limpar a terra das calças.
"ainda não foi..."

ascensão

é o nome de uma ilha.

é um gesto, ou desejo, ou momento,

é ver o céu de mais perto,

apenas um pouco mais,

pouco mais.

traçar linhas

a nossa pegada nem sempre se vê,
nem sempre se sente.
na areia fica
mas rapidamente vai
qual nuvem de fumo branco riscando o céu.

a necessidade

falta de planeamento
falta de pensamento
desconhecimento
ou alheamento.

porque se faz a drenagem das pluviais das superfícies permeáveis?

tendas

hoje

vulgaridades

ouve-se por aí.
diz-se.
não sabia, mas é corrente.
aliás, é de grande eficiência e eficácia.

um grelhador resultante de meio barril cortado ao comprido.

nunca me apercebera de que os encontramos no passeio, que neles tropeçamos por descuido, quase sem os ver.

mesmo quando estão à porta de uma biblioteca ou de um tribunal...

as cidades visíveis

sobre os carris flutuamos,
pouco vendo da real realidade semi-oculta sob nós.
o sol parece uma benesse, mas para muitos sobram apenas as sombras dos viadutos, dos taludes, das publicidades, enfim, da cidade.

queremos erguer o pescoço, vislumbrar mais do que os outros, mas de nada serve;
a cidade visível - chame-se ou não cidade - é sempre igual, mais e mais além...

masculin, feminin

Jamais se vira uma princesa assim: tão grande, tão bela e tão peluda que causava espanto a quem para ela olhasse.
Desde criança que o seu maior desejo era herdar o trono e governar. Mas o rei e as leis diziam que apenas um homem o podia ocupar.
in "A princesa que queria ser rei", de Sara Monteiro

hoje foi dia de leituras cruzadas,

e descobri que ler em conjunto, em pares mistos, sobre questões de personalidade, sexualidade e ideias feitas, é dos melhores exercícios de tolerância para se podem fazer com crianças.

haja coragem e vontade para continuar

um piscar de olhos

irreversível, dizem-nos.
ocupamos o areal e, com o passar dos anos, sair de lá já não é opção.
o acto clandestino ficou legitimado pelas mais variadas razões.
qual piscar de olhos, as sucessivas anuências resultantes das decisões adiadas apenas confirmam o desleixe e o desinteresse da chamada "tutela".

irreversível, dizem-nos...