foi real

a apresentação de "boato" ao vivo, constituiu uma das mais agradáveis experiências da minha vida.
o rapaz - leia-se jpsimões, pouco mais velho do que eu, apresenta-se com as suas melodias simples e o seu tom de voz grave e ponderado, mas transforma qualquer frase ou momento sério em surrealismo irónico, arrancando estrondosas gargalhadas da mais sisuda assistência.

a voz é maravilhosa, e conheci-a antes de saber como se chamava - nos tempos de uma "toilette des etoiles", cantada em francês de coimbra.

a música e as letras transportam-nos - "a nossa geração" - para imagens das nossas dúvidas e angústias e incertezas, com a simplicidade de quem lê a sina enquanto bebe umas cervejas.

para quem não viu, vale a pena ver.

para quem viu, sabem que só se pode rever.

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foto da autoria de antoine pimentel para a capa do disco "boato" de jpsimões, gravado ao vivo no jardim de inverno do teatro s. luiz

equilíbrio

alçados non-sense 8

a vista da visita

no topo da escada, a raiz.
subo para encontrar a base, como numa gravura de escher...

densidades 3

mais um exemplo do nosso património...

moderno ao sul

sei pouco

sei mesmo muito pouco.

quando vejo o trabalho deste senhor,

quando o oiço a falar,

quando o vejo dizer porque fez o que fez,

quando o vejo afirmar,

como quem ultrapassa toda uma vida,

que hoje faria tudo diferente,

dando mais valor às pessoas e à integração social,

lembro-me de outros,

para quem a arquitectura mais não é do que escultura e instalação,

mesmo que não o reconheçam.

daqui a uns anos gostava de olhar para trás com a mesma serenidade do olhar deste grande senhor.

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começou hoje e prolonga-se até ao dia 28 de novembro, no museu municipal de faro, a exposição 'moderno ao sul' sobre a obra do arquitecto manuel gomes da costa, grande responsável pela implementação da arquitectura moderna no sul do país.

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fotografia de manuel gomes da costa e logotipo da exposição da autoria de gonçalo vargas.

fotografia da habitação e cabeleireiro 'carmen', em faro, de autor desconhecido

desalinhado

farpas

a rocha talhada falha-nos as mãos,
e o fio de sangue escorre,
como num qualquer poema,
numa qualquer história,
ou numa qualquer paixão.

pregar aos peixes

ontem,
hoje,
e provavelmente durante os próximos dias,
caim,
o novo livro de josé saramago,
vai continuar a provocar celeumas.
não entre quem leu o livro,
não entre quem o quer comprar,
não entre quem gosta da escrita deste prestigiado representante da nossa literatura.

apenas porque saramago não se sabe calar - e ainda bem que diz o que pensa - e porque há quem o queira ouvir para transmitir apenas algumas (poucas e escolhidas) das suas palavras e assim ganhar o dia com as notícias.

interrogo-me sobre como seria nos dias de hoje, profundamente reverentes e politicamente correctos, fazer um sermão aos peixes e publicá-lo...

a ausência de fumo branco

deu-me uma branca.
e então lembrei-me de cores, muitas cores...
das varandas, das roupas, das fachadas, das chaminés, das notas musicais dos sons que aqui se ouvem, das nuvens e do céu.
enfim, de tudo.

o museu de portimão

por vezes é necessário reconhece-lo.

há cidades mais dinâmicas do que a nossa, mesmo quando são naturalmente diferentes, urbanisticamente (ainda) mais feias e turisticamente adeptas das resmas e pacotes.

mas, apesar de tudo isto,

apesar de terem um dos mais horríveis palácios de justiça,

de serem adeptos das passagens desniveladas claustrofóbicas,

e de terem um trânsito caótico,

portimão, e o museu de portimão

merecem ser louvados, visitados e referenciados sempre que possível.

esquerda, direita e centro

quando criança, ensinaram-me que "devemos olhar sempre para ambos os lados, porque o perigo espreita da esquerda e da direita!"
mais tarde, ainda criança, questionava os meus pais "porque vivemos no 2º direito se somos de esquerda?..."
mais tarde ainda, antes de ser um cidadão de pleno direito e poder exercer o meu direito de voto, comecei a perceber que havia esquerda e direita com ideologias muito próprias e contraditórias, muitas vezes semelhantes e com a mesma inspiração. e interrogava-me sobre as reais diferenças entre ditaduras fascistas e socialistas...
ontem, em conversa de amigos, percebi que é muito fácil cristalizar em ideias e ficar convencido de coisas que não são bem assim. a "esquerda" ou a "direita" que defendemos são dúbias, confusas e tudo menos credíveis. muitas vezes misturam-se, outras vezes confundem-se.
mas já não são de fiar...

a foto da vista

sem luz

hoje assinala-se o dia mundial da bengala branca, sob o lema "um olhar por quem não vê".
entre as diversas actividades que se realizam no algarve, e em particular em faro, destaco o "percurso dos sentidos" às 16h30m, onde pessoas com visão serão "cegas" por uns minutos ao experimentarem a utilização de uma bengala branca, num percurso entre o museu e a câmara municipal.

alçados non-sense 7

alçados non-sense 6

património municipal... inolvidável

fading out

completei agora 38.
estarei a desvanecer?...

alçados non-sense 5

um abraço moderno, mas muito feio...

homenagem a francesco guardi

recordo-me de um dia, na presença de um professor e de alguns colegas, comentar a sala francesco guardi do museu gulbenkian.
recordo-me de pequenas pinceladas, de nuvens e velas, de canais venezianos, de pequenas embarcações, e de muitas pessoas.
neste instante, apesar das imensas diferenças, lembrei-me dele...

alçados non-sense 4

o contra senso é apenas a questão de escala...

a beleza das pequenas coisas

fui hoje ver e gostei bastante.
foi surpreendente, o que não foi uma surpresa.
nem inesperada foi a semelhança desta com outras fábulas.
mas, como muitas vezes se diz,
uma cópia original é muitas vezes melhor e muito mais coerente do que originais sem graça.

"ponyo à beira-mar", na sua titulação portuguesa, consegue o prodígio de nos fazer acreditar em fadas, em magia e na beleza da harmonia da natureza.

sempre fui um grande admirador do trabalho deste grande mestre, desde os tempos de "conan - o rapaz do futuro".
espero continuar a sê-lo porque espero que hayao miyazaki continue a ter ideias como só ele sabe...

imagem de "ponyo à beira mar", filme de hayao miyazaki, produzido pelos estúdios ghibli.

alçados non-sense 3

alçados non-sense 2

alçados non-sense 1