5 de fevereiro de 2011
traço de giz (2)
Não costumo repetir imagens,
nem copia-las sem sentido,
nem intenção.
esta foto de Mértola,
já a vi repetida por vários outros,
umas vezes melhor, outras pior.
As variáveis são muitas:
Luz, hora, época do ano, película, sensor, revelador, scanner, tiragem, impressão, camera, objectiva, com filtro, sem filtro, enfim - e também - homem, mulher.
Este traço de giz, sempre o entendi como uma manifestação suprema da intervenção do homem na paisagem, ou - sendo pomposo, como qualquer arquitecto pomposo - como manifestação intencional do diálogo que se pretendia com o território!...
Vem esta foto e esta frase a propósito de uma nova série de programas-documentários, A casa e a cidade, transmitidos em canal aberto na RTP2 ao fim da tarde de Domingo.
Eu gosto do que vi e vejo nestes programas, em particular a qualidade técnica, visual, plástica e sonora - em toda a componente videasta.
Compreendo as lógicas programáticas que sustentam as intervenções e projectos apresentados.
Entendo o discurso dos oradores, narradores e entrevistados.
Mas eu partilho a profissão... e o gosto... e as razões que moldaram esse gosto.
Num programa/reportagem que se pretende de abrangência nacional e internacional, não se pode pensar apenas como se estivessemos numa conferencia/aula para amigos, colegas e alunos, com o mesmo discurso ecléctico e purista, falando de temas, técnicas e abordagens desconhecidos de muitos, pretendendo assim aproximar a arte arquitectónica de todos os que a usufruem e não sabem o porquê de gostarem ou não.
Um dos maiores defeitos que encontro na minha profissão é o de procurar regras funcionais e justificações práticas para fundamentar opções plásticas e espaciais.
Os escultores de grandes peças - ou instalações - não justificam todas as paredes, barras, terras, telas, lonas, chapas (e etc.) que utilizam. Quanto muito afirmam qual a sua intenção sensorial, mas não a impõem.
Ao querer justificar o sensorial, balizamos a apropriação dos espaços por aqueles que vão usufruir deles, quando o que devíamos fazer era conceber espaços que provocassem tantas sensações distintas quantas as pessoas que os frequentam... em simultâneo...
"traço de giz" é o título de um álbum de BD de Miguelanxo Prado, publicado pela extinta Meriberica em 1993
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