escrever.
com todos os nós da alma, das mãos, prolongar a mente até à esfera da caneta, serpenteando na folha, qual alpino ski, contornando obstáculos.
escrever.
com todos os medos que nunca se perdem, nem escondem, nem fogem,
antes se entranham.
escrever.
com saliva, sangue, sebo, sémen, suor.
molhar o papel, sujá-lo com a gordura da mente, sulcá-lo com tinta da esfera da alma.
enchê-lo com o que verte o corpo,
todo o corpo,
toda a mente.
página de um manuscrito de António Lobo Antunes, publicada pela revista LER de Março 2011
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