Ryszard Kot-Kotecki foi um dos meus professores mais carismáticos durante os poucos meses que frequentei o conservatório de Lisboa.
Polaco, bailarino, pontual e exigente - características que pouco dizem da afável capacidade de se relacionar com os alunos, mesmo sem falar a nossa língua - pelo menos à época...
leccionava "Corpo", mas fazia-nos entender quão mental é o movimento dos nossos membros e quão mental é o nosso movimento.
Deixou-me na memória uma frase e um momento:
"Balance, my friends, balance!..."
quando exigia o nosso natural equilíbrio sempre que nos movimentávamos.
Exigia que procurássemos o nosso equilíbrio porque só assim os nossos gestos seriam naturais. E não havia nada pior para quem estava em palco do que não ser natural.
Ser falso ou forçado era ser caricatural sem o querer ser.
Exigia que procurássemos o nosso equilíbrio porque só assim os nossos gestos seriam naturais. E não havia nada pior para quem estava em palco do que não ser natural.
Ser falso ou forçado era ser caricatural sem o querer ser.
Como numa escultura, ou num edifício, o equilíbrio transmite a ideia de estabilidade, por mais dinâmica que seja a estrutura ou construção.
O momento inesquecível de Kot-Kotecki era o seu pequeno almoço:
Bailarino com um corpo esculturalmente trabalhado, sempre mais esforçado que o mais esforçado dos seus alunos, com todos os músculos desenhados, surpreendeu-nos quando vimos pela primeira vez esse seu ritual diário - sempre - de beber um grande copo de schnapps e comer um rissol ou croquete antes de começar o seu dia.
Bailarino com um corpo esculturalmente trabalhado, sempre mais esforçado que o mais esforçado dos seus alunos, com todos os músculos desenhados, surpreendeu-nos quando vimos pela primeira vez esse seu ritual diário - sempre - de beber um grande copo de schnapps e comer um rissol ou croquete antes de começar o seu dia.
Afinal de contas, ele é polaco... e há tradições a manter...
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