Este azul, calmo e sereno, revelou no seu interior sons desconhecidos, que se "estranhavam antes de se entranharem..."
O nome AnarBand significava um duo experimentalista - desconhecido por muitos - mas seguido com uma fé religiosa por muito poucos. Jorge Lima Barreto e Rui Reininho eram o duo. Pouco tempo depois Reininho integrou uma banda que estava a dar os primeiros passos, que se chamava GNR. Jorge Lima Barreto colaborou com estes no seu revolucionário primeiro LP e depois formou com Vitor Rua - em cisão com os GNR - o duo Telectu.
Tive a minha primeira ocupação profissional na Rua da Impressa Nacional, com uns modestos 14 anos, e cruzava-me quase todos os dias com Jorge Lima Barreto. Nunca nos falámos - duvido que ele falasse com algum transeunte - mas nunca o esqueci. Havia algo naquela figura de homem torcido pelas longas horas sobre o piano, que me intrigava e me deixava curioso.
Hoje (ou melhor, ontem) Jorge Lima Barreto deixou-nos. Hoje não é fácil ser radical criativo como ele foi. O improviso não jazzístico não colhe muitos adeptos, e a velocidade da vida que vivemos impede-nos de parar e escutar apenas algumas notas seguidas de silêncio... e outra nota, e silêncio... e mais duas ou três notas, e o silêncio eterno...
P.S. Imagem da capa do LP AnarBand, trabalho gráfico da autoria de Jorge Lima Barreto e Abel Mendes
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